As pessoas não odeiam os escritórios, elas odeiam o tempo de deslocamento até eles
- Curadoria de conteúdo por amper.ag

- 19 de nov.
- 9 min de leitura
Em pleno século XXI, com incontáveis ferramentas de colaboração remota, plataformas de produtividade e uma nova expectativa de flexibilidade no trabalho, ainda vemos empresas insistindo no retorno ao escritório tradicional, cinco dias por semana, das 9 h às 18 h.Mas será que o problema central é o escritório em si? Ou será que o que realmente pesa é o tempo de deslocamento até esse escritório?
Minha tese é: não é o escritório que as pessoas odeiam, mas sim o tempo, o custo e o desgaste emocional e físico de ir até o escritório. E, como decisores de marketing, comunicação e liderança de equipes, compreender esse ponto abre caminho para um reposicionamento estratégico: adotar o modelo híbrido + espaços flexíveis de coworking como alternativa real, eficaz e alinhada ao novo mundo do trabalho.

Neste artigo, vamos:
Apresentar dados e pesquisas confiáveis que demonstram o impacto negativo dos deslocamentos no bem‑estar, produtividade e satisfação no trabalho;
Explorar por que, portanto, “o caminho” até o escritório se tornou o inimigo mais do que o próprio escritório;
Discutir como os modelos híbridos e espaços de coworking (como os oferecidos por Regus) entram como solução estratégica para empresas que querem manter cultura, marca e performance — sem sacrificar as pessoas;
Oferecer recomendações práticas para lideranças de marketing, comunicação e RH que querem adotar essa abordagem de forma madura e consistente.
O impacto do deslocamento nos colaboradores e na empresa
Tempo, satisfação no trabalho e saúde
Diversos estudos apontam uma correlação negativa entre tempo de deslocamento e satisfação no trabalho e na vida pessoal. Por exemplo:
Um estudo da revista Sustainability (2023) com base nos dados chineses da CFPS (China Family Panel Studies) mostrou que o tempo de deslocamento afeta negativamente a satisfação no trabalho (job satisfaction) dos empregados. (MDPI)
Outro estudo encontrou que quanto maior o tempo de deslocamento, menor também a satisfação com a vida (life‑satisfaction) — num estudo realizado numa cidade da Índia, observou‑se que após cerca de 30 minutos de deslocamento a satisfação começava a declinar. (amoghvarta.com)
Pesquisa publicada no International Journal of Environmental Research and Public Health (2023) constatou que o aumento do tempo de deslocamento reduz a satisfação tanto com o trabalho quanto com a vida, e está associado a danos à saúde física e à inatividade. (MDPI)
Ainda, segundo um artigo do Working Knowledge da Harvard Business School, os trabalhadores viajam, em média, cerca de 38 minutos cada trecho (dia de ida) entre casa e trabalho, o que já define um “ônus” importante antes mesmo de começar a jornada. (Biblioteca HBS)
Esses dados reforçam a ideia: não basta a empresa oferecer um “bom escritório”. O deslocamento até ele — muitas vezes longe, congestionado, estressante — está drenando tempo, energia e bem‑estar dos colaboradores.
Produtividade, engajamento e turnover
Além de satisfação e bem‑estar, o deslocamento gera efeitos tangíveis no desempenho e nas métricas de gestão de pessoas:
A pesquisa “Commuting Hurts Productivity and Your Best Talent Suffers Most”, da HBS, mostra que o deslocamento reduz a produtividade das pessoas — e pior: isso afeta de forma desproporcional os talentos mais valiosos. (Biblioteca HBS)
Um estudo recente (2024) explorou como o estresse do deslocamento afeta o desempenho no trabalho (“in‑role” e “extra‑role”) e encontrou evidências de que o deslocamento stressante tem impacto direto sobre resultados. (ScienceDirect)
Pesquisa da empresa de consultoria Hubble aponta que, entre pessoas que moram a mais de 2 horas de seu “quartel‑general”, 21% não querem que a empresa tenha um escritório central — ou seja: o deslocamento faz com que o próprio conceito de “escritório físico” se torne um obstáculo. (Hubble)
Para uma liderança de marketing/comunicação, isso significa: se você exige presença física não consegue mais separar essa exigência de efeitos negativos sobre a cultura, o engajamento e a retenção de talentos.
A experiência de deslocamento como “há» s” no dia‑a‑dia
Há ainda uma camada emocional: o percurso urbano como “zona de limbo” entre vida profissional e pessoal. Um artigo na ScienceAlert analisou que o deslocamento cria um limiar psicológico — ou quando ele desaparece, nota‑se sua ausência:
“The current research addresses … the commute provides that time and space … for psychological detachment from the work role and for recovery.” (ScienceAlert)
Ou seja: o deslocamento não é só “tempo perdido”, mas pode funcionar como “transição” entre papéis (ser pai/mãe, cidadão, colaborador). Mas quando esse percurso se torna intenso, caótico, imprevisível — ele deixa de cumprir qualquer papel de “buffer” e passa a ser fonte de stress.
O que esses dados nos dizem:
O tempo (e qualidade) do deslocamento importam — não é apenas estar no escritório.
O deslocamento afeta bem‑estar, satisfação, engajamento e desempenho — logo, impacta diretamente a performance do negócio.
Essa “aversão ao deslocamento” pode explicar parte da resistência dos colaboradores em voltar ao escritório em modelo tradicional.
Portanto: o problema não é o escritório, é a jornada até ele.
Por que o escritório tradicional perdeu parte de seu poder magnético
Quando pensamos em retenção de talentos e cultura organizacional, era comum ver o escritório como símbolo de identidade – um local de encontro, socialização, pertencimento. Mas grandes mudanças estruturais vêm minando esse modelo:
Pandemia acelerou a adaptação ao trabalho remoto/híbrido: a experiência de trabalhar de casa ou em local mais próximo mudou as expectativas dos colaboradores. Empresas que insistem no modelo 5×2 sem questionar o deslocamento encontram atrito. (Ver‑se: estudo sobre “Work‑From‑Home is Here to Stay”). (arXiv)
Mobilidade urbana mais difícil e custosa: congestionamento, custos de transporte, horas perdidas no trânsito — o “prêmio” de ir até o escritório ficou mais alto.
Valorização do tempo pessoal e da vida fora do trabalho: colaboradores, especialmente entre gerações mais jovens, não aceitam mais que o deslocamento seja simplesmente “parte da rotina”. Eles querem tempo de qualidade.
Custo‑benefício questionado: se você exige deslocamento pesado, mas o colaborador consegue trabalhar de forma produtiva mais próxima ou de casa — qual é o valor diferencial do escritório?
Experimentação de novos modelos: coworkings, satélites, hubs locais e trabalho remoto mostraram‑se viáveis e, para muitos, preferíveis.
Para quem lidera marketing e comunicação, isso significa que a “marca empregadora” (employer brand) passa também por como você trata o deslocamento. “Você vai me fazer perder duas horas de transporte por dia para ‘estar no escritório’?” é uma pergunta que ronda as expectativas.
Espaços de coworking + modelo híbrido: a resposta estratégica
Diante desse cenário, não se trata de eliminar o escritório, mas de reinventá‑lo. Aqui entra o modelo híbrido — e espaços de coworking como aliados fortes.
O que é modelo híbrido?
Modelo híbrido é a combinação de:
trabalho remoto (em casa ou outro local)
presença física em escritório ou local de coworking algumas vezes na semana
Esse modelo permite manter cultura, conexão, marca e colaboração presencial, sem sacrificar o tempo diário e saudável de deslocamento.
Por que espaços de coworking fazem sentido?
Aqui focamos especificamente em espaços flexíveis como os oferecidos pela Regus. Alguns pontos de destaque:
A Regus declara que “O trabalho híbrido é ótimo porque permite às empresas e aos funcionários mais opções na hora de escolher como e onde trabalhar. … Nossa solução ajuda você a trabalhar desse jeito.” (Regus)
Em São Paulo, a Regus oferece coworking em diversas localidades (Centro, Consolação, Itaim Bibi, Brooklin) com mesas rotativas ou dedicadas, por dia ou por mês. (Regus)
Os benefícios do coworking segundo a Regus: “flexibilidade”, “melhor bem‑estar dos funcionários”, “vantagem competitiva no recrutamento e retenção” (“Better employee wellbeing and a competitive edge when it comes to recruitment and talent retention”). (Regus)
Por que isso resolve o problema do deslocamento?
Menos tempo de transporte: ao permitir que o colaborador trabalhe mais próximo da sua residência ou em local de sua escolha, reduz-se o tempo de deslocamento, o que cientificamente está ligado a maior satisfação e menor turnover.
Maior flexibilidade: o colaborador escolhe onde trabalhar — casa, coworking, escritório central — de modo que a jornada faça sentido.
Manutenção de presença física: não se trata de “todo mundo em casa”, mas de espaços híbridos que garantem encontro, networking, cultura, e ao mesmo tempo respeitam o bem‑estar.
Escalabilidade e adaptabilidade para a empresa: alugar mesas em coworking ou ter assinaturas (como “Associação Coworking” da Regus) permite ajustar rapidamente número de dias/pessoas. Regus menciona que “Você pode usar nossos espaços de coworking por hora, dia ou mês…”. (Regus)
Endereços estratégicos e acessíveis: por exemplo, em São Paulo, uma localização da Regus no Centro está próxima ao metrô São Bento, facilitando o acesso. (Regus)
Um exemplo prático de como implementar
Imagine que sua empresa de marketing tem 100 colaboradores em São Paulo, atualmente todos são requisitados no escritório central 5 dias/semana. Você decide evoluir para um modelo híbrido com coworking:
Estratégia: dois dias por semana no coworking mais próximo de cada grupo (ex: Consolação, Itaim Bibi) + 1 dia no escritório central + restante remoto.
Seleção de localização: para facilidade de acesso e menor deslocamento para o time.
Contratação de “Associação Coworking” da Regus: os colaboradores têm acesso a dias ilimitados ou um número fixo por mês.
Comunicação: lançar internamente que o novo modelo valoriza o tempo do colaborador, reduz o deslocamento, mantêm a cultura de equipe.
Métricas: acompanhar engajamento, turnover, satisfação no trabalho, tempo médio de deslocamento, produtividade.
Revisão anual: ajustar dias, locais, número de estações conforme feedback e métricas.
Com esse tipo de abordagem, a liderança de marketing/comunicação assume um papel estratégico de facilitadora de experiência humana — ou seja, não apenas “exigir presença”, mas “criar presença que faça sentido”.
Desafios e como superá‑los
Implementar esse novo modelo não é automático. Aqui estão alguns desafios e dicas para superá‑los:
Desafio: Cultura e sentimento de pertencimento
Risco: com muitos colaboradores remotos ou espalhados, a cultura da empresa pode enfraquecer.
Solução: usar os dias de presença para encontros estratégicos (brainstorms, workshops, eventos de marca) e comunicação interna focada em engajamento. A empresa Amper, por exemplo, pode usar seus hubs de coworking para eventos de time e reforçar cultura.
Desafio: Supervisão e performance
Risco: líderes podem sentir falta de “visibilidade” ou temer perda de controle.
Solução: métricas claras de performance, foco em resultados (vs. horas na cadeira), práticas de reunião híbridas eficientes e confiança.
Desafio: Custos e contratos
Risco: pagar taxas altas de coworking ou ficar preso a contratos longos.
Solução: negociar contratos flexíveis, usar planos de associação (dias por mês), dimensionar o número de estações com base em uso real.
Desafio: Deslocamento ainda existe
Risco: mesmo com coworkings locais, alguns colaboradores ainda terão deslocamento.
Solução: mapear residência vs estação de coworking, buscar hubs próximos, e comunicar que o objetivo é reduzir e não simplesmente “eliminar” o deslocamento.
Por que isso interessa especialmente à liderança de marketing e comunicação
Employer brand e aquisição de talentos: Em um mercado acirrado de talentos, oferecer modelo híbrido + coworking próximo se torna diferencial competitivo.
Engajamento e produtividade: Equipes mais satisfeitas e com menos desgaste de deslocamento geram melhores resultados — e para as métricas de marketing/comunicação (como tempo de resposta, criatividade, coesão de equipe) isso importa.
Flexibilidade de escala: Projetos de marketing variam (campanhas, sprints, etc). Ter estações de coworking permite escalar para cima ou para baixo sem grandes contratos.
Imagem de modernidade e inovação: Adotar modelo híbrido e espaços flexíveis comunica que a empresa está à frente — o que alinha com posicionamento de marca como ágil, digital, humana.
Custo‑benefício organizacional: Redução de espaço fixo central, menor dependência de deslocamento pesado, menor turnover — todas essas têm impacto no ROI da operação.
Considerações finais
Quando olhamos para a afirmação “as pessoas não odeiam os escritórios, elas odeiam o tempo de deslocamento até eles”, percebemos que ela guarda uma verdade estratégica: o foco deve ser no tempo, no bem‑estar, na experiência e na flexibilidade.
Para empresas de marketing, comunicação e branding — onde criatividade, agilidade e pessoas são ativos centrais — essa é uma mudança de paradigma: não se trata apenas de “onde trabalhar”, mas de “como o trabalho se integra à vida das pessoas”.
Adotar um modelo híbrido, apoiado em espaços de coworking como os oferecidos pela Regus — com localização estratégica, flexibilidade, estrutura profissional — não é apenas uma concessão ao colaborador. É uma decisão estratégica que conecta bem-estar, engajamento, cultura e desempenho.
Se a sua empresa ainda trata o escritório como inevitável e o deslocamento como “parte do pacote”, talvez seja hora de repensar. Afinal: se você der às pessoas o tempo de que precisam — e tornar o “ir ao escritório” um privilégio, e não uma obrigação — ela estará mais disposta a querer estar lá.
FAQ
P: O que mais pesa: o tempo ou a qualidade do deslocamento?
R: Estudos recentes indicam que não apenas o tempo, mas a qualidade do deslocamento (stress, imprevisibilidade, tipo de transporte) tem impacto significativo sobre bem‑estar. (SpringerLink)
P: O modelo híbrido com coworking elimina totalmente a necessidade do escritório central?R: Não necessariamente. O objetivo não é eliminar, mas reinventar: combinar momentos presenciais estratégicos com flexibilidade de local e menos deslocamento.
P: É viável para grandes equipes ou apenas para pequenas?
R: É viável para equipes de todos os tamanhos. O uso de coworkings escaláveis com planos de associação permite ajustar para 10, 50, 100+ pessoas conforme a necessidade — o que inclusive beneficia operações de marketing que variam conforme campanhas.
P: Como convenço a liderança (ex: CFO) de que será um bom investimento?
R: Apresente dados de redução de turnover, aumento de satisfação, maior produtividade, e o custo oculto do deslocamento (tempo perdido, estresse, impacto na saúde). Além disso, mostre como o uso de coworking flexível reduz custos de espaço fixo e permite agilidade operacional.





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